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domingo, 18 de fevereiro de 2018

RUBESCO


 


A Úmbria, região central da Itália, é mais conhecida por seus santos e terremotos do que por seus vinhos.

San Francesco de Assisi, Santa Rita di Cascia, San Benedetto di Norcia, talvez mais ocupados em outros milagres, não pouparam suas e outras cidades da Úmbria de serem destruídas, ou quase, pelo terremoto de 2016.

Os santos mais desatentos da região foram São Benedito que deixou Norcia e a basílica, erguida em sua homenagem, serem arrasadas, e San Francesco que não se incomodou com a parcial destruição de sua igreja em Assisi.
 
 

Mas deixemos as tragédias e falemos de vinho.

O vinho mais conhecido da Úmbria é, sem duvidas, o Orvieto, seguido pelo Sagrantino di Montefalco e pelo recém valorizado Grechetto.

Orvieto e Grechetto vinhos brancos agradáveis, bons para o dia-dia, baratos, mas longe de empolgarem.
 

Sagrantino di Montefalco, tinto de boa estrutura, foi "empurrado", por algumas canetas de aluguel, pagas por Arnaldo Caprai, para os mais altos degraus vinícolas italianos, mas não resistiu.

Caprai, durante uma década ou um pouco mais, ganhou um bom dinheiro, mas seu Sagrantino não teve a mesma sorte dos Supertuscans e hoje convive e disputa o mercado na faixa dos vinhos médios de onde nunca deveria ter saído.

Um grande vinho umbro?
 

"Torgiano"

Nunca ouviu falar?

Nunca provou?

Não se preocupe..... apesar de a Mistral importar o Torgiano, você está na companhia de 99% de nossos sommeliers e "professores" de cursos sobre vinhos que nem sabem que "TORGIANO" é nome de vinho e de um grande vinho.
 

O melhor Torgiano, que já bebi, foi o "Rubesco Rosso Riserva Vigna Monticchio" da vinícola Lungarotti, mas hoje comentarei seu irmão mais barato e mais popular: "RUBESCO DOC"

A Lungarotti, proprietária de 250 hectares de vinhas, em Torgiano e Montefalco (Úmbria), não é exatamente uma pequena vinícola.

A Lungarotti produz, em média, 2,5 milhões de garrafas e exporta para mais de 50 países, entre os quais, como já afirmei, o Brasil.

Apesar de sua grande produção a Lungarotti consegue, com seu Torgiano, uma qualidade surpreendente, ainda mais surpreendente se levarmos em conta o baixo preço do "Rubesco" DOC: 6-7 Euros.

 
 

Rubesco Lungarotti 2013  

Disponibilità: Disponibile                           
Special Price 6,40 €                                        


O Rubesco, vinificado com uvas Sangiovese e uma pequena parcela de Colorino, apresenta uma bela cor rubi com tendência grená.

No nariz é possível perceber a rosa, as especiarias (pimenta em particular).

Na boca é harmônico, fresco, fácil de beber (não cansa) e surpreende pelo longo retrogosto frutado.

Um belo vinho que recomendo com entusiasmo.

Um entusiasmo que o consumidor brasileiro freará quando souber que a Mistral somente entregará uma garrafa de "Rubesco" por salgados R$ 153.
 

É sempre bom lembrar que nas prateleiras das enotecas italianas o "Rubesco" pode ser facilmente encontrado por 6 Euros o que nos leva a crer que a Lungarotti o vende, para os comerciantes, por não mais do que 3,5 Euros.

Um pequeno cálculo: 3,5 X 4 = 14 R$

R$ 14 (um pouco mais um pouco menos) é quanto a Mistral paga à Lungarotti

Agora faça a conta quanto fatura a Mistral e esqueça a lengalenga do Bilu Didu Teteia, "palhaço propaganda" da importadora, sobre custos do transporte, impostos, estoque, juros etc.
 

Mais uma coisa: A Mistral e seus "sommerdiers", na descrição do Rubesco, erram ao incluir a Canaiolo na vinificação do vinho

Alô, alô sommerdiers da Mistral, nem copiar vocês sabem?

Bacco      


2 comentários:

  1. Gostei! Agora estou aqui pensando onde comprar esses vinhos. Sou fan de sagrantino-- facil de encontrar...embora o mercado tenha reagido examente como Baccolino descreve.

    Os precos cairam bem ultimamente...um bom sagrantino esta agora quase 50% do que custa brunello medio (tipo aqueles il poggione que pode ser encontado ate em igreja da cientologia).

    Renovo meu humilde pensamento: Ha poucos lugares e uvas e vinhos ainda fantasticos para serem descobertos pela massa ebria, mas ainda considero o franciacorta ultra injusticado (que bom, custa menos para nos), assim como alguns vinhoes com/de nero di troia, gaglioppo e tantas outras uvas 'raizes' de regioes menos badaladas.

    Dizem que os vinhos do sul da italia nao pegam (aspas) porque os locais sao mais lerdos e menos espertos para divulgacao. Argumento nao vale pois o povo da lombardia nao tem nada de bobo. Acho que tonto he o consumidor mesmo.

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  2. Já olharam a casa do vinho famiglia Martini de BH? Tem bastante vinho italiano e alguma coisa da França. Depois de ler aqui a reportagem sobre o susumaniello comprei no site algumas garrafas por 57rs. Para os padrões das lojas do Brasil achei bons preços.

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