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terça-feira, 19 de dezembro de 2017

TERROR E TERROIR



Ao retornar, para casa, notei que havia várias mensagens na secretária eletrônica.
 
 
 

Alguma coisa me dizia que eram dirigidos ao malfadado artigo sobre fermentação e teor alcoólico que escrevera para B&B.

Bola preta na caçapa.

Uma onda de escárnio e desprezo, vinda do populacho, se aproximou com mais velocidade do que gaúcho passando cheque do Bradesco na BR 163.

Mensagens escutadas, choro no chuveiro, lições aprendidas.
 

Pensei que seria melhor nem comentar o ótimo livro do Mark Matthews sobre os mitos da viticultura e enologia.

 Afinal M. Matthews fala sobre vários tópicos que encantam muitas pessoas no mundo e garantem muitos empregos, mas, que no final da feira, tem peso menor na qualidade final do vinho.

Se pudesse falaria sobre um assunto que ele enfatiza e atraiu (e ainda atrai) muito debate no lançamento do livro: TERROIR

 Matthews passou anos e anos pesquisando e ensinando para oferecer a visão de que "terroir" é algo usado e abusado (e vago) em detrimento de duas coisas muito importantes na obtenção de um vinho de alta qualidade: Variedades de uvas, que passam as respectivas características ao vinho e o processo/método de vinificação.
 

Em um capítulo sobre solo há mais: Quanto e quando de água para as videiras, densidade do plantio, densidade das bagas, área foliar, exposição solar, composição e estrutura do solo etc.

Infelizmente não poderei compartilhar as sábias palavras do professor.

O livro me fez pensar o quanto, em algumas áreas do mundo, se adora falar somente de terroir, terroir, terroir e mais nada, como se terroir fosse fator único e determinante para produto.

Seria para efeito de valorização da área ou da natureza?

Ainda mais fascinante foi a descoberta do que significava o termo "terroir", originalmente, lá atrás.

Seria uma surpresa e tanto para muitos saberem que nunca foi algo, somente, positivo.

 Mas isso ficará sem resposta.

Pensar que, segundo Matthews, terroir, há muitos anos, tinha conotação de estrume na avaliação dos vinhos daquelas eras.

A quem interessaria os discursos, quase folclóricos, que cercam o mundo do vinho?
 

 Parece que muitos viventes possuem uma imperiosa necessidade de sempre adicionar algo holístico em qualquer assunto ainda não resolvido ou comprovado.

Pouco a pouco os mitos da enologia estão sendo derrubados.

 Acho, por exemplo, que a ala que defende ser o solo aquele que confere aroma e gosto aos vinhos está condenada.

 Sorte de quem tem lotes especiais no RGS e azar dos produtores de Champagne?
 

Aguardaria com entusiasmo a chuva de pesquisas e trabalhos feitos pela brava gente sobre o conceito de terroir gaúcho, terra mágica que produz alguns dos melhores espumantes do mundo.

Se fosse para compartilhar isso, aqui estaria o link do livro

 

 

 

 

 

2 comentários:

  1. Hj em dia o terroir engloba muito mais que solo. Como citaste antes.
    O terroir é um conjuntos de fatores que vao caracterizar os vinhos de uma regiao e isso envolve solo, clina (chuva , sol) a varidade plantada , a mao do produtor viticultor e do enologo. E hj até o marketing faz parte desse terroir.
    Mas a prosa é longa e apesar de prazerosa fico por aqui.

    Marcio Dal'Osto
    Enólogo

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    Respostas
    1. Marcio, varias outras leituras sugerem que microorganismos ainda desconhecidos sao os que mais pesariam na composicao de aromas e sabores. Coisas como mineralidade, por exemplo, onde ja se sabe de alguns poucos microorganismos que dao ao vinho o gosto chamado de mineral.

      Outros milhares de estudos tambem falam dos microorganismos, mas sempre citando que praticas organicas produzem em tese vinhedos mais saudaveis, com grande amplitude de especies invisiveis e ainda desconhecidas.

      Quanto a magia do solo, pode ser que sirva de substrato para cepas e especies tais e tais...

      A coisa se torna fascinante e complexa e sem fim, como escreveu..

      Bonzo.

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