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sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

DUE BUOI



 


O pagamento, de duas multas de trânsito, me "obrigaram" a conhecer Alessandria.

Contrariando meu ateísmo, rezei aos céus para que nunca mais cometa uma infração naquela província piemontesa: Alessandria é muito feia.

O único lugar interessante, da cidade, é a enorme praça e os imponentes pórticos que a contornam.

A praça, melhor dizendo, "era bela"

 
Um prefeito, que deve ter frequentado a mesma escola do Roriz, a transformou em um imenso estacionamento asfaltado.

Paguei as multas e, antes de retornar a Santa Margherita, resolvi almoçar no melhor restaurante da cidade: O estrelado "I Due Buoi" (Os Dois Bois).

O "I Due Buoi", fundado no século XVIII e estrelado desde 2015, no almoço serve um menu, menos complexo e mais leve que o jantar, por um preço bem razoável: 30 Euros.
 

Um antepasto, um primeiro prato, um segundo e o dessert, propostos, pelo chefe japonês, são refinados e de altíssima qualidade.

Vale à pena conhecer o "I Due Buoi".
 

O maitre, que devia ter algumas garrafas encalhadas e me achou com cara de jacu, resolveu testar minha paciência.

Conseguiu.......

"Um aperitivo?"

Anui.

 O maitre deu as ordens e o sommelier, sem muita cerimônia, me serviu um Prosecco.

Nada contra o Prosecco, que vende feito água em todos os cantos do planeta, mas nem em boteco e sob tortura, eu bebo Prosecco.

Havia sido estuprado pela prefeitura de Alessandria e não encontrei forças para mais uma briga.

Engoli o Prosecco e ordenei um vinho branco "fermo".

O sommelier, já convencido que eu poderia beber qualquer coisa sem reclamar, me serviu um "Chardonnay Berrò" da vinícola piemontesa Pico Maccario.
 

Aquele, certamente, era o dia que me fora reservado, pelo acaso, para testar a resistência e elasticidade de meu saco.

Conheço, suficientemente bem, os Chardonnay da Bota e os considero , assim como todos os outros de outros cantos da Europa , ridículas imitações dos verdadeiros e ótimos Chardonnay franceses.

O Piemonte, pátria de grandes tintos e de alguns bons brancos autóctones, teima em produzir Chardonnay deploráveis.

Eu nunca entendi para quem e para que.
 

As terras reservadas ao plantio do Chardonnay sempre são aquelas menos indicadas ou impróprias para o cultivo das castas regionais mais conhecidas e importantes (Nebbiolo, Barbera, Dolcetto, Moscato etc.), consequentemente, os Chardonnay piemonteses "fanno cagare".

Aquele "Chardonnay Berrò" da Pico Maccario, foi, sem sobra de duvida, o pior que bebi nos últimos anos..... Uma tremenda bosta.

Uma comida ótima acompanhada por vinhos horríveis
 

O saco já estava cheio, quase estourando.

Chamei o maitre e sem cerimônia alguma, fui logo dizendo: "Erro número 1: Restaurante estrelado serve ao cliente Prosecco como aperitivo. Erro número 2: Na "pátria" do Timorasso o sommelier serve um Chardonnay de merda. Erro número 3: O maitre subestima grosseiramente o cliente. Erros enumerados..... Agora, por favor, me sirva um vinho decente".

O maitre, com cara de quem assistira um discurso da Dilma, saiu quase correndo e voltou com uma garrafa de Timorasso Pitasso de Claudio Mariotto.

Grande vinho (que não foi cobrado) selou a paz entre o sommelier o maitre e eu.
 

Recomendo, com entusiasmo, o "Due Buoi"

O "Due Buoi" vale o "castigo" de conhecer Alessandria e beber o Chardonnay do Pico Maccario.

Esta matéria é a última antes do Natal.
 

Voltarei, dia 27, para comentar todos os "Segundos Chardonnay do Mundo".

A idéia dos "segundos" surgiu ao lembrar aquela imbecilidade, inventadas pelos produtores gaúchos, sobre os espumantes brasileiros.
 

Aguardem.   

Bacco

Um comentário:

  1. ah, sim, espumantes gaúchos...
    falando nisso, o do velho arrogante, Adolfo Lama, viaja de caminhão... sua próxima matéria...

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