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segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

ADEUS DELICADEZA?


 


Durante um bom tempo a indústria vinícola produziu vinhos, brancos ou tintos, que não superavam os 12% de álcool
 
 

Com o aquecimento do planeta e o aumento da produção, em regiões mais quentes, foi dada a partida para a moda dos vinhos pesados e super alcoólicos.

 Depois de algum tempo as vinícolas perceberam que boa fatia dos consumidores havia apreciado a novidade e induziram as uvas a produzir mais açúcar, ainda nas bagas, ou então adicionar açúcar ao mosto.

Mais goró por menos $$, era o novo milagre da multiplicação.

Tomar meia garrafa e cair de bêbado no sofá.
 
 

Parecia um ótimo negócio.

Vamos à química básica e mostrar porque essa onda, de vinhos ultra-alcoolicos, é ruim à saúde e à qualidade dos vinhos:

1) Durante a fermentação são formados vários compostos de álcool. O mais predominante é o nosso querido etanol, mas antes dele e depois dele, há moléculas menores e maiores ambas com pontos de evaporação diferentes. Temos a produção de alcoóis tóxicos e agressivos, aos sentidos, nas duas pontas da cadeia.

2) Alcoóis reagem com ácidos presentes no vinho e, de maneira bem aleatória, produzem esters. Esses são os componentes que dão os aromas maravilhosos de frutas e outras coisas mais, mas não sempre: às vezes, os aromas, são desagradáveis. Quando os vinhos envelhecem, dependendo dos alcoóis e ácidos presentes, evoluem bem..... ou não.

 

Quanto maior a presença de álcool no vinho, após a fermentação, mais problemas: alcoóis ruins em maior quantidade (os que dão aquela dor de cabeça), formação de compostos aromáticos, também em maior quantidade e de forma imprevisível e com boa chance de serem off-character, inclusive durante a evolução do vinho e ao longo dos anos, na garrafa.

Como não há como jogar sucrose fora da uva (o açúcar das uvas), as vinícolas, agora, perceberam que precisam fazer algo.
 

Estão diluindo o mosto em mais (pleonasmo?) água (aumenta o volume em tese aumenta o faturamento), conduzindo osmose reversa para diminuir o álcool (houve um belo embate entre produtores franceses e autoridades inglesas que bloquearam a venda de vinhos que passaram por essa destilação fracionada, mas agora já resolveram o impasse).

 Ambas as técnicas retiram, também, coisas boas dos vinhos.

No final das contas essa onda de vinhos super alcoólicos acabou sendo ruim para todos.

Na próxima ressaca pense na quantidade de lixo que está tomando......

Barato sai caro...

Se, realmente, o clima aquecer, ainda mais, acostume-se com uma nova geração de vinhos bem menos complexos, bem menos aromáticos e é bom lembrar que muitas uvas também não suportarão um clima tão agressivo.

 Adeus à delicadeza das Pinot e brancos delicados.

 Estamos falando de algo para as próximas décadas, mas já aprendemos que os próximos 20 anos estão ali na esquina.

Bonzo

8 comentários:

  1. Legal o artigo, Bozo. Mas sucrose "o açúcar das uvas"???? Os açucares predominantes na uva são a frutose e glicose. Em uvas menos maduras a glicose (com menor poder adoçante) é majoritária. Com a maturação a frutose (com maior poder adoçante) aumenta e as quantidades praticamente se igualam. Em uvas super maduras a quantidade de frutose é maior. Ambas podem representar entre 15-25% da uva, sendo que a glicose pode atingir até ~8,5% e a frutose ~10%. A sacarose fica entre 0,02%-0,2%. Obviamente, estas proporções podem variar de casta para casta, mas a sacarose sempre está abaixo de 1%, inclusive em uvas de mesa, nas quais sua quantidade é maior.
    Observação: Não foi no google que aprendi isso.

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    1. google? qual problema com bing ou altavista? vamo la, obrigado pelo comentario. ao contrario dos fundadores do blog eu sou sensivel a criticas. choro no banho.

      a sucrose é produzida nas folhas via nossa querida fotossintese e assim que entra nas uvas é quebrada pelo acido tartarico e malico, ok agora?

      e durante a fermentacao a glucose é quebrada antes que a frutose, confere? por isso em caso de sobra de acucar o vinho tera ainda mais sensacao de doce pelo fato da frutose ser bem mais "doce" ainda que seja um isomero da outra.

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    2. A meu ver, Google, Bing ou Altavista não ensinam, apenas informam, e muitas vezes, de forma equivocada. Isso não lhes tira a importância.

      Todos (até mesmo um grande agrônomo) estão sujeitos a cometer equívocos, JR. Sua frase "Como não há como jogar sucrose fora da uva (o açúcar das uvas)", está equivocada! Mas isso não é problema meu. Fique à vontade para mante-la.

      Em relação ao fato da sacarose produzida nas folhas pela nossa querida fotossíntese, ela é mesmo transportada para a fruta via floema e se acumula nos vacúolos, onde é convertida, com o amadurecimento, em glicose + frutose. Isso é feito enzimaticamente, por ação, principalmente, de uma invertase (Beta-Frutosidase) ácida. Nunca ouvi falar que a sacarose é quebrada pelo ácido tartárico e málico. Se você tiver algum artigo científico tratando do tema, me indique, pois fiquei curioso. Inclusive, com o amadurecimento há uma diminuição destes ácidos. Não estou sendo irônico ou qualquer outra coisa, estou só dizendo que desconheço.

      Quanto à diminuição da glicose por sua utilização preferencial na glicólise, obviamente, confere.

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    3. Che, a essa altura se voltar para ciclo de krebs, atp, doadores primarios de eletrons, estou ralado.

      Mas ainda gosto de estudar comprimento de ondas e o efeito nas fotossinteses da vida para identificar locais onde poderia cultivar plantas a,b,c,x,y...inclusive vinhas.

      Depois procuro algo sobre conversao de acucares, mas por enquanto subscrevo o que foi falado por v.sa.

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    4. Não esqueça de me dizer como o ácido tartárico e málico "quebram" a sacarose.

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  2. Respostas
    1. Adeus, mente brilhante. Boa sorte em sua pesquisa no google, bing e wikipedia. Você vai longe. Vou procurar outro blog para ler, por que B&B não dá mais.

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  3. Se nem um professor de UC Davis com doutorado, post-doc que escreve livro com um conteudo legal de viticultura e enologia, com o mais contemporaneo de pesquisas que existe agrada a arquibancada... #triste.

    Erros-em-textos-fobia, ate quando, Brasil?






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