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segunda-feira, 4 de julho de 2016

AIAS (FINAL)



 

As "AIAS" (Sassicaia, Solaia, Ornellaia etc.) foram "inventados" pelos nobres toscanos que encontraram nas terras semi abandonadas e baratas da Maremma, terreno fértil para tomar dinheiro dos enófilos abonados e abobados.

Gostaria que um, um apenas, de nossos sommerdiers, sommerdiers que quando ouvem alguém pronunciar "AIA" emitem suspiros de orgasmo, me explicasse porque antes dos "SUPERTUSCANS" nenhum vinho importante foi produzido na Maremma.

Se alguém mencionar o Morellino di Scansano vou mandá-lo à.....


Antes que algum "melhor sommelier do Brasil" apareça, com a clássica resposta "Google", me adianto.

A Maremma já era habitada pelos etruscos muitos séculos antes de Cristo

Os etruscos eram grandes consumidores de vinho e cultivaram vinhas em todas as regiões onde viveram.

Na Maremma não foi diferente, mas nem ou etruscos, nem os romanos que os sucederam, muito menos os toscanos da idade média e nem os atuais, conseguiram resultados vinícolas importantes.

Os vinhos de prestígio surgiram com a Sangiovese, rainha das uvas toscanas, na região do Chianti, Montalcino, Montepulciano.

O resto?

Bem.... O resto é o resto......

A Sangiovese nunca revelou, na Maremma, vinhos importantes ou de grande complexidade, haja vista que o símbolo da região é o banal Morellino di Scansano.

O Morellino é apenas um vinho mediano e jamais poderia competir com o Brunello, Nobile di Montepulciano e nem com o Chianti.

O milagre, que durante milênios ninguém conseguiu realizar, foi conseguido pelo marquês Mario Incisa della Roccheta
 

O marquês, Mario Incisa della Rocchetta, nascido em Roma, mas de origem piemontesa, estudava na faculdade agrária de Pisa e lá conheceu Clarice della Girardesca.

Clarice pertencia a uma família das mais antigas e nobres da Toscana.

 Ao se casar, com o marquês, Clarice levou como dote, além de outras propriedades, 600 hectares nas cercanias de Bolgheri.

O resto é fácil de narrar.

Mario Incisa della Rocchetta, que de bobo não tinha nem a sombra, percebeu que com suas relações nas altas esferas, sua inteligência, um bom marketing e um pouco de grana, poderia transformar aquela terras, cheias de pernilongos, em um paraíso vinícola, coisa que nem os etruscos, romanos, frades, camponeses etc. haviam conseguido.
 

O nosso marquês, que entendia muito de viticultura, mandou a exigente Sangiovese às favas, implantou Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e Merlot, e finalmente , em 1944, surgiu o primeiro Sassicaia.

Vinho nada excepcional, que era consumido apenas pela família e presenteado aos amigos.

O grande salto: Outro nobre toscano, Antinori, em um momento de rara generosidade, "cedeu", ao Incisa della Rocchetta, o enólogo Giacomo Tachis, pai do Tignanello.
 

Tachis entrou na adega do marquês, com seus métodos (alguns pozinhos?) modificou a vinificação e inventou o Sassicaia que hoje conhecemos.

O vinho era perfeito para seduzir os eno-tontos!

 Internacional, "parkeriano", imitava os vinhos de Bordeaux e acima de tudo, agradava ao mercado americano... O Sassicaia estava pronto e precisava apenas de um empurrão.
 

Mario seduziu todas as canetas disponíveis (havia poucas à época), azeitou todos os críticos amigos (amigos nunca criticam mal...) formadores de opinião.

Todo este "exercito", com a cara de pau de sempre, passou a endeusar o Sassicaia que não demorou a entrar para a história.

A Maremma, onde nem batatas davam certo, se transformou num Eldorado vinícola.

O cheiro da grana atraiu aqueles empresários que com dinheiro não brincam: Antinori, Gaja, Frescobaldi, Spinetta, Folonari, Berlucchi, Allegrini......
 

 As caríssimas etiquetas dos "Supertuscans" viraram moda, encheram os bolsos dos nobres toscanos e até hoje continuam fazendo a alegria de muitos produtores locais e de um sem número de eno-tontos.

Antes de botar um ponto final gostaria de declarar meu mais profundo respeito aos viticultores franceses.

Os franceses nunca produziram, nem produzirão um Barbera, um Timorasso, um Sangiovese, um Aglianico etc.

Os franceses há mil anos vinificam, com sucesso, Chardonnay, Pinot Noir, Cabernet Sauvignon, Merlot etc., são o exemplo sempre seguido e imitado e estão se lixando com os que tentam desbancá-los de seu pedestal.


Compreendo os viticultores do novo mundo vinícola (Austrália, Estados Unidos, Argentina, Chile, África do Sul, Nova Zelândia etc. que optaram por cultivar vinhas francesas, mas não perdôo os italianos que, apesar de possuírem as maiores quantidades e variedades de uvas autóctones do planeta, para agradar o "mercado" apelam para os Merlot e Cabernet Sauvignon da vida (FACIL?). 
 

Esta pequena matéria encerra definitivamente minha participação nos "Supertuscans" 

Quer saber como beber bem na Europa sem gastar os tubos?

Olhe para mesa vizinha, veja o que estão bebendo os italianos, franceses, portugueses, espanhóis e imite-os

Mais um aviso: se na mesa ao lado estiverem bebendo Barca Velha, Vega Sicilia, Masseto, Petrus etc. não os imite!


 São os endinheirado e exibicionista brasileiros, russos, chineses etc. , de sempre, que não entendem merda nenhuma de vinho e são bebedores de etiquetas.

Bacco

2 comentários:

  1. Ba,

    Se ha alguma justica no modo de vida italo-carioca-petista he que no final eles vao se ferrar.

    Nao sei o que houve para a italia virar essa bandeira da malandragem, nao sei como eram os estados pre-italia, mas o que era ou he engracado em filmes acaba ficando sem graca na vida real. Estao erodindo dia a dia.

    Todo castigo para corno e para pilantra he pouco. O mundo esta dificil, as narrativas de pilantra se dando bem estao minguando. Nao tem jeito, tem que trabalhar, estudar, produzir algo, copiavel ou nao. Ate pode ser que uma meia duzia se de bem em golpinhos aqui e la, mas no geral essas sociedades nao podem pertencer a elite do idh, da prosperidade (escandinavia, europa fria, canada, australia, singapura --apesar do tamanho, japao...--mesmo decadente).

    Falando nisso, os compradores de rotulos nunca aprendem ou sao feitos em serie? Entra uma geracao, sai outra, e o loop nunca termina? A essa altura brasileiros e russos ja deveriam ter aprendido. A chinesada segundo relatos ja esta melhor no quesito ostentacao.

    Auguri, bastardo!

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  2. Auguri, novos ricos e babaca são como caspa que some e volta com mais intensidade. Os compradores de rótulos precisam deles para completar seus "círculos virtuosos" : Rolex, Ermenegildo Zegna, Formentera e para os petistas remediados Jereré Internacional com a "mediante" (mediante 2.000R$) da vez. O Sassicaia é parte deste mundo e sempre será

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