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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

É MENTIRA, TERTA?




Lembram do Pantaleão, personagem do Chico Anísio, que encerrava suas mentiras com o bordão: "É mentira Terta?".

O Pantaleão ressurge, agora, no departamento de marketing da "Miolo Produtora de Quase Vinhos".
 

A "Miolo Pantaleão" veiculou, recentemente, matéria paga que é um insulto à inteligência, até, de uma ostra.

Leiam, com moderação para não vomitar.

 


D’ailleurs, de Paris TRÈS CHIC: Miolo é marca mais vendida na renomada loja de vinhos Soif

O Grupo Miolo começa o ano celebrando os resultados surpreendentes de sua parceria com o wine shop francês Soif D’ailleurs: em 2015, foram vendidas mais de 5.200 garrafas dos espumantes Miolo Cuvée Tradition Brut e Brut Rosé, marco na história de vendas da loja.

 


Mentira nº 1: Foram vendidas 5.200 garrafas em 2015? Adoro pesquisar...... 

Fui ao site da enoteca parisiense e verifiquei que a loja vende outras 203 etiquetas de espumantes (Champagne incluso). Admitindo, apesar de improvável, que o Cuvée Tradition da Miolo, com suas 5.200 unidades vendidas em 2015, seja a nova mania dos franceses, quantas garrafas borbulhantes vende, por ano, a "Soif D'Ailleurs"?

Há, na loja, alguns pesos pesados das borbulhas: Prosecco, Franciacorta, Champagne, Cava, Cremant etc.

Vamos ser bonzinhos e acreditar que o espumante da Miolo seja o carro chefe da enoteca e que cada uma das outras 203 etiquetas venda, por ano, apenas a metade do fenômeno gaúcho.

Vamos fazer as contas: 5.200: 2 = 2.600

2.600 X 203 = 527.800 garrafas

A Soif D'Ailleurs vende, então e por ano, mais de meio milhão de garrafas de espumantes.

Alguém, mesmo aquele que crê em duendes, acha que uma loja, localizada na, não exatamente central, Rue Pastourelle, possa vender, pasmem, 1.446 garrafas de espumante por dia?

Mais uma pergunta: Onde armazenar tamanho volume de garrafas (528.000 só de espumante)?
 

Com a palavra, a "Miolo Pantaleão"  

Um dos mais premiados espumantes da Miolo, o Cuvée Tradition é elaborado através do Método Tradicional, o mesmo utilizado na produção da bebida símbolo da França: o champagne. Considerado berço do vinho, o país europeu tem lugar de destaque frente ao mercado mundial, por sua forte tradição cultural e pelo primor dedicado a todas as etapas do processo de elaboração.

Em depoimento sobre a parceria, o proprietário do wine shop, Mathieu Wehrung, declarou sua surpresa ao degustar pela primeira vez um espumante brasileiro de altíssima qualidade, escolhido por ele para representar o Brasil na seleção do Soif D’ailleurs
.

 

Mentira nº 2: Há, na loja, o também brasileiro espumante da Valduga que, em breve e certamente, contra-atacará afirmando que o seu vinho é o preferido e arrasa na França.

 "Hoje, ninguém sai da loja sem receber uma forte recomendação da vinícola Miolo e essa atitude representa nossa extrema confiança neste produto, que tem se tornado cada vez mais reconhecido e apreciado pelos franceses. É uma verdadeira dádiva!”, exaltou Wehrung. Para celebrar o recorde em grande estilo, a equipe da loja brindou com uma garrafa de 6 litros, do sofisticado Miolo Millesime Brut.
 

Mentira Nº 3: Alguém acredita que 5.200 (improváveis) Cuvée Miolo sejam "... uma verdadeira dádiva" e possam ser apreciadas e reconhecidas pelos franceses, franceses que todos sabem, tem o maior e justificado orgulho de seus Champagne (mais de 300 milhões de garrafas produzidas)?


Recentemente apontado pela crítica de vinhos Jancis Robinson como o mais concorrido e interessante wine shop de Paris, o Soif D’ailleurs fica em Marais (38 Pastourelle, 75003), bairro situado à margem direita do Rio Sena, e oferece uma variedade de vinhos de países como Síria, Croácia, Estados Unidos, Nova Zelândia e Inglaterra.

Pagando bem qualquer crítico de vinho reconhece até a inocência de José Dirceu.
 

A "Miolo Pantaleão de vinhos", acha que a venda (eu acho que foram consignadas) de meia dúzia de garrafas para os franceses, desperta nosso abalado patriotismo e enche de orgulho nosso coração verde amarelo?

Meu patriótico coração preferiria o Dólar a 2 Reais para poder beber, com mais frequência, Billecart-Salmon Rosé e deixar a Miolo Cuvée Tradition para os "bobos" franceses  
 

Dionísio, o pobre

 



3 comentários:

  1. fiquei curioso para saber qual o espumante sírio mais vendido da loja, e quantas garrafas dessa bomba (com trocadilho) já foram desovadas...

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  2. Falta muito para o vinho brasileiro ser de segunda divisao. A tal serie B que inventaram.

    A qualidade dos vinhos em grande totalidade ainda patina na lama do el nino, a distribuicao he cara e erratica no pais continental e caro por natureza bananica e improdutiva, os impostos abusivos, a falta de enologos (essa turminha formada com curso tecnico sabe picas de fazer vinhos, nao fazem estagios fora do pais -- entre outras coisas), o clima que nao ajuda muito, os consumidores que nao sabem o que querem ou o que he bom (e assim nao conseguem exigir produtos melhores atraves do melhor boicote que existe, o da nao compra!), a etica nem sempre muito confiavel nos press-releases (dadiva??? Dadiva?? Nao tinha outra palavra mais leve??) e na maneira como os vinhos sao feitos.
    Faltou alguma coisa? Acho que sim, mas se realmente o vinho nacional fosse tudo isso que escrevem blogueiros chapa branca mais as proprias vinicolas, nao haveria tanto debate sobre as tentativas ridiculas de tentarem transformar os vinhos feitos em massa em algo especial.

    Ao contrario, haveria debate sobre qual safra da vinicola tal tal tal foi melhor (ah, o espumante 2012 esta divino, aroma de pao, de levedura, ja o 2013 ficou bem mais fresco, mais tropical, mas nao podemos nos esquecer do 2010 que tinha um conjunto de aromas inesqueciveis...), se o vinho dos jogos panamericanos foram melhores que os da copa ou das olimpiadas, se o chardonnay barricado gaucho esta tao bom quanto o jovem, ou se o sauvignon blanc esta melhor que o verdejo na serra ou sei la onde.

    Nao sao tudo isso, e se tudo continuar como esta, oh, ficara assim. Assim como o restante do pais em quase tudo.

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