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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

VINHO OLÍMPICO 7 X ZIKA 1




Lembram do "Faces"?
 

"Faces" é aquele vinho-suruba que a Lídio Carraro lançou por ocasião da copa do mundo.
 

O vinho é a "obra prima" da sorridente enóloga Rossetti.

Monica Rossetti, orgulhosa, afirmava ter recebido uma luz inovadora na hora de produzi-lo: ".... Realizamos algo inovador, mobilizando vários parceiros em um projeto concebido especialmente para valorizar a diversidade enológica que simbolicamente expressa a diversidade humana e cultural do Brasil".
 

O projeto pode ser inovador, mas, certamente, não vencedor...

Em 2 jogos, contra Alemanha e Suécia, o Brasil tomou 10 gols (quase tantos quantas as uvas do Faces), foi desclassificado e humilhado.

Dizem os inconformados com os resultados que o "Faces" provocou diarréia na seleção.

 
Eu não acredito!

Atletas que jogam (quase todos) na Europa ganham verdadeiras fortunas e conhecem o que é bom, não iriam beber uma zurrapa daquelas.

Está excluída, então, a presença da "diarréia-faces".

O "Faces" não foi, também, um vencedor nas prateleiras.

O "vinho-suruba", da Rossetti, mofa abandonado e esquecido nas gôndolas e pode ser encontrado pela metade do preço de lançamento.
 

A Lídio Carraro que nos deu um tremendo azar, patrocinando a copa do mundo, quer repetir a dose nas olimpíadas do Rio de Janeiro.

A parte mais hilária do lançamento "olímpico" é o conteúdo de um vídeo patrocinado pela vinícola gaúcha.

Vejam.

A enóloga inicia a pantomima anunciando que, o vinho escolhido pelo comitê olímpico, representa uma vitória do Rio Grande do Sul e suas parreiras.

A loira, das onze uvas e meias verdades, não declarar que a Lídio Carraro pagou e quanto, para conseguir a "vitória".
 
 

A loira, de tanto beber seus vinhos, sai de cena e entra o diretor comercial da vinícola.

 Satisfeito, com a conquista, comemora: "... a primeira medalha antes mesmo dos jogos começarem"

Espero que o "Vinho Merdalha Olímpica" não repita o fiasco do "Faces 7 X 1".
 
 

O vídeo termina com um pequeno grupo que animado como num velório brinda "... um brinde ao vinho gaúcho presente nas olimpíadas".

Mais uma grande vitória do vinho nacional!

Meu raciocínio é lento, minha visão é curta....

Não consigo brindar (ainda mais com um quase-vinho) às olimpíadas dispendiosas e inúteis  olhando para uma nação atolada, até o pescoço, em corrupção e com a zika infernizando a população. 
 

Minha grande esperança: Tomara que o mosquito bote os ovos no vinho da Carraro.

No vinho "olímpico" as larvas do Aedes não sobreviveriam e afastariam, para sempre, o perigo Zika.
 

Finalmente, uma utilidade para os vinhos "esportivos" da Carraro, Rossetti e Cia.: Vinho Olímpico 7 X Zika Vírus 1

Dionísio.

 

 

 

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

A VINGANÇA




Ao volante do carro, que voava e deixava para traz a Borgonha de minha mal sucedida viagem invernal, um pensamento me acompanhava insistentemente: "Julgamento de Paris 1976".
 
 
 

Sim, amigos, aquela palhaçada marqueteira americana ainda não saiu de minha mente.

Alguns fatos:

 Nenhum viticultor da Côte D'Or tem problema de vendas, aliás, tem dificuldade em atender todos os clientes.

Os grandes Chardonnay, produzidos em Puligny-Montrachet, Chassagne-Montrachet, Meursault, Aloxe-Corton etc., apesar de seus preços inflados continuam se esgotando rapidamente deixando vazias as adegas da Côte D'Or.
 

Nas prateleiras de todo mundo os vinhos franceses fazem a festa.

Vinhos californianos são encontrados apenas, ou quase, no mercado  americano  e raramente são vistos em outros países.

Aquela palhaçada do Spurrier, então, não serviu para nada?

Não modificou nem abalou o mercado francês?

Acredito que o "julgamento" foi inventado para despertar e aumentar, ainda mais, o já inchado patriotismo americano.
 

 
 O mesmo manjado marketing é usado, descaradamente, pelos produtores de quase- vinho gaúcho, para convencer os brasileiros que devem estufar o peito e se orgulhar quando uma vinícola nacional ganha uma "merdalha" de ouro em um concurso qualquer.

Mais uma vez , em 1976, os americanos venciam, eram os "melhores do mundo" e até a França, que foi e continua sendo o modelo vinícola mais respeitado e imitado do planeta, havia sido humilhada pelas parreiras californianas. 

 
Os vinhos californianos frequentam quase e somente as prateleiras americanas, Spurrier continua leiloando seus palpites, a França continua vendendo seus vinhos por preços exorbitantes e eu, mesmo implorando, não consigo comprá-los.

Nada mudou?

 Cada um na sua e não se fala mais no assunto?

Errado!

B&B não publica press release de vinícolas, como faz a maioria dos críticos baba ovos, B&B busca aprofundar as notícias do mundo do vinho e repassá-las para os que já não suportam tantas babaquices e mentiras.

B&B foi fundo na pesquisa e descobriu algo muito interessante.

Os americanos, durante quase um século, investiram no modelo vinícola francês.

Castas, vinificação (madeira), nomes (château) etc. todo o sistema, desde a produção até a propaganda final, tinha sotaque francês.
 
Milhões e milhões foram gastos visando "educar" o consumidor americano para beber Cabernet Sauvignon, Merlot, Chardonnay, Pinot Noir e outras castas francesas.

Décadas e décadas de investimentos pesados que estão indo, lentamente, para o ralo. 

A universidade de Stanford, em recente estudo, chegou à conclusão que as mudanças climáticas, a médio prazo, tornarão inviável o cultivo das castas francesas (Cabernet Sauvignon, Merlot, Pinot Noir etc.) na Califórnia.
 

O estudo informa que as castas francesas não suportarão o aumento da temperatura na região (em torno dois graus centígrados).

 O impacto climático será tão devastador que, no máximo em 2040, a área cultivada com uvas francesas diminuirá entre 30% e 50%.

Os viticultores californianos, cientes do problema, já estão experimentando as castas mais "mediterrâneas" Nero D'Avola e o Negroamaro.

Todos os esforços, todos os bilhões gastos em propaganda e marketing para vender aos americanos Cabernet Sauvignon, Pinot Noir, Merlot etc. estão virando fumaça.
 

É bem provável que, até o final da década, aconteça o "Julgamento di Palermo" onde os Nero D'Avola californianos pulverizarão os primos sicilianos.
 

Enquanto isso, eu e muitos outros, continuaremos implorando para comprar os vinhos de Jean Claude Bachelet, Thomas Morey, Noel Ramonet, Bruno Collin, Lamy Pillot.......

Bacco

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

PREDADORES NÃO ACABAM





Eduardo, um dos mais atentos e "fuçadores" amigos de B&B, descobriu mais uma tremenda sacanagem de nossos importadores-predadores.
 

Não sabia que a Mistral, aquela importadora que sustenta aquele bufão com nariz de palhaço e gravata borboleta (aliás, quando o sindicato dos palhaços vai processar o invertebrado?), importa o Bouzeron da "Domaine A. et. P. De Villaine".

 
Quando Eduardo revelou que se envergonhava e não queria revelar o preço, por precaução tomei um "isordil" antes de acessar o site da predadora de vinhos.

Tive que dobrar a dose do dinitrato de isossorbida..... A predadora quer pelo Bouzeron, que Bacco comprou por 15 Euros, R$ 316,72.

Antes o Bouzeron custava R$ 362,10.
 

Não sei quanto a Mistral pagou pelo vinho do Villaine, mas posso me aproximar, muito e com segurança, do valor.

Vejamos.... Bacco comprou 12 garrafas, não regateou, não chorou e acabou pagando 15 Euros cada.

A Mistral predadora de vinhos vende o Bouzeron desde 2012 e já deve ter comprado, no mínimo, 1.500 garrafas.

Se a Domaine vende 12 unidades por 15 Euros é fácil deduzir que para grandes volumes e para exportação seja aplicado um desconto de 25%.

15 - 25% = 11,25 Euros.

Vamos ser bonzinhos e arredondar para 12 Euros?

O Bouzeron custou, então, R$ 52,80.

O João Ratão poderia ajudar revelando custos de importação, mas creio que 507 % de sobrepreço são exagerados.

Gostaria de saber quanto custa nos restaurantes a preciosidade da Mistral.

Uma coisa é certa: O nariz de palhaço, que o invertebrado de borboleta é obrigado a usar, faz parte do uniforme não somente dos funcionários, mas, também, dos clientes da Mistral.

Mistral, no meu Bouzeron, não......

Dionísio

 

 

 

BORGONHA NUNCA MAIS II




....Continuação

Saint Aubin "Les Murgers de Dents de Chien" comprado e devidamente guardado no carro.
 
 
 

 Faltava, agora, encontrar os vinhos que motivaram minha viagem pela Borgonha.

Minha primeira parada: Domaine Jean Claude Bachelet em Saint Aubin.

Na "Jean Claude Bachelet" desejava comprar algumas garrafas do magnífico "Bienvenues Bâtard Montrachet”, do não menos espetacular "Blanchot Dessus" e do seu ótimo "Les Murgers de Dents de Chien".

Estacionei o carro na vinícola, pouco antes das 10 horas e encontrei Benoit, filho de Jean Claude, na porta da adega.
 

Aperto de mão, rápido cumprimento e a clássica pergunta: "Algumas garrafas de Bienvenues e de Blanchot?"

Benoit, com o fatídico "je suis désolé", jogou um balde de água gelada em minhas esperanças.

Tentando sensibilizar Bachelet argumentei que havia percorrido mais de 500 km para comprar seus vinhos, insisti, quase implorei...

Nada feito.

  Benoit, para acalmar minha insistência, me levou até o depósito e disse: "Pode levar todas as garrafas de branco que encontrar".

Incrível, inimaginável!

 Não havia uma única garrafa de branco na adega da Jean Claude Bachelet.

Apenas uma dúzia, ou pouco mais, de caixas de tinto permaneciam esperando compradores.

"Volte em abril logo após o engarrafamento. Vou reservar algumas garrafas para você".

 Com um aperto de mão me despedi e, com o rabo entre as pernas, entrei no carro para alcançar a vizinha Chassagne.

No caminho pensei: "Belo começo.... uma hiena antes e agora uma adega vazia. Assim continuando, finalmente, serei abstêmio...."

Thomas não estava, mas sua mulher Sylvie, gentilmente, me atendeu.
 

"Não tenho mais nenhuma garrafa de "Dents de Chien", "Vide Bourse" e de "La Truffière"

Sou um cliente bastante conhecido e sabia que Sylvie não estava mentindo.

"Se quiser há, ainda, algumas garrafas de "Les Baudines" e de "Les Embrazées".
 

Não, exatamente, o que desejava, mas para não sair, outra vez, com as mãos abanando comprei três de cada 1er Cru.

Antes de continuar minha "Via Crucis" me apressei e reservei, para abril, algumas garrafas de "Dents de Chien", "Vide Bourse" e "La Truffiere".

Próxima parada: "Domaine Ramonet"

Na Ramonet esperava comprar algumas garrafas de seu bom e barato "Bâtard Montrachet".
 

Havia agendado, por telefone, uma visita.

 Estive na porta da vinícola por bem quatro vezes, mas não encontrei vivalma.

Após a última decepção jurei nunca mais visitar a Borgonha, em janeiro e assim será!

Para não perder a viagem resolvi percorrer os 8 km que me separavam de Bouzeron, visitar a vinícola de Aubert de Villaine, proprietário da mítica "Romanée-Conti", e comprar algumas garrafas do branco local.
 

Para quem não sabe, Bouzeron é uma pequena aldeia da Côte Chalonnaise onde o Aligoté reina, totalmente.

Em Bouzeron, apesar de estar há poucos quilômetros da Côte D'Or, o Chardonnay não tem vez.

A uva Aligoté atinge, na pequena aldeia, sua máxima e surpreendente expressão.
 

A finada Expand, em seus melhores momentos, importou o Bouzeron da De Villaine.
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Foi na antiga Expand que provei o vinho e, desde então, me entusiasmei com a denominação.

Fui recebido, gentilmente (até que enfim), por Pierre de Benoist, sobrinho de Aubert de Villaine.

Benoist estava empenhado em uma degustação, com vários sommeliers franceses, mas, gentilmente, me atendeu e pude comprar 12 garrafas de Bouzeron 2014.

Os 15 Euros cobrados foram excessivos por um vinho ainda muito jovem e longe de suas reais potencialidades.
 

O Bouzeron da De Villaine ataca o nariz com um belo floral e notas cítricas, mas na boca denota, ainda, pouca complexidade e intensidade.
 

Vou aguardar mais alguns meses para emitir nova opinião.

Minha fracassada viagem estava terminando e comentei minha decepção com a amiga Maria, proprietária do B&B.

"Porque não procura o Bzikot?"

Bzikot é um viticultor de Puligny-Montrachet que, além de vinificar suas uvas, produz vinhos com os cachos de micro proprietários locais.

É justamente Bzikot que espreme o Chardonnay da pequena vinha do quintal de Maria Adão.

Maria cede a vinha, Bzikot trabalha as parreiras, colhe e vinifica.

Depois de todo o processo Bzikot paga Maria com parte do vinho obtido.

Um telefonema, um pulo até a vinícola e, finalmente, 6 garrafas de Puligny-Montrachet Premier cru "Les Perriéres" 2012 foram parar no porta mala do carro.

Pedro Marques, da "Garrafeira Alfaia", e eu já havíamos comprado algumas garrafas do Bzikot, mas, sem nenhuma explicação, deixei de procurá-lo.

Provei o seu "Les Perriéres" 2012 em minha casa e me senti um perfeito idiota por não ter comprado mais.

 

Próxima matéria: "A vingança da Borgonha"

Bacco

 

 

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

É MENTIRA, TERTA?




Lembram do Pantaleão, personagem do Chico Anísio, que encerrava suas mentiras com o bordão: "É mentira Terta?".

O Pantaleão ressurge, agora, no departamento de marketing da "Miolo Produtora de Quase Vinhos".
 

A "Miolo Pantaleão" veiculou, recentemente, matéria paga que é um insulto à inteligência, até, de uma ostra.

Leiam, com moderação para não vomitar.

 


D’ailleurs, de Paris TRÈS CHIC: Miolo é marca mais vendida na renomada loja de vinhos Soif

O Grupo Miolo começa o ano celebrando os resultados surpreendentes de sua parceria com o wine shop francês Soif D’ailleurs: em 2015, foram vendidas mais de 5.200 garrafas dos espumantes Miolo Cuvée Tradition Brut e Brut Rosé, marco na história de vendas da loja.

 


Mentira nº 1: Foram vendidas 5.200 garrafas em 2015? Adoro pesquisar...... 

Fui ao site da enoteca parisiense e verifiquei que a loja vende outras 203 etiquetas de espumantes (Champagne incluso). Admitindo, apesar de improvável, que o Cuvée Tradition da Miolo, com suas 5.200 unidades vendidas em 2015, seja a nova mania dos franceses, quantas garrafas borbulhantes vende, por ano, a "Soif D'Ailleurs"?

Há, na loja, alguns pesos pesados das borbulhas: Prosecco, Franciacorta, Champagne, Cava, Cremant etc.

Vamos ser bonzinhos e acreditar que o espumante da Miolo seja o carro chefe da enoteca e que cada uma das outras 203 etiquetas venda, por ano, apenas a metade do fenômeno gaúcho.

Vamos fazer as contas: 5.200: 2 = 2.600

2.600 X 203 = 527.800 garrafas

A Soif D'Ailleurs vende, então e por ano, mais de meio milhão de garrafas de espumantes.

Alguém, mesmo aquele que crê em duendes, acha que uma loja, localizada na, não exatamente central, Rue Pastourelle, possa vender, pasmem, 1.446 garrafas de espumante por dia?

Mais uma pergunta: Onde armazenar tamanho volume de garrafas (528.000 só de espumante)?
 

Com a palavra, a "Miolo Pantaleão"  

Um dos mais premiados espumantes da Miolo, o Cuvée Tradition é elaborado através do Método Tradicional, o mesmo utilizado na produção da bebida símbolo da França: o champagne. Considerado berço do vinho, o país europeu tem lugar de destaque frente ao mercado mundial, por sua forte tradição cultural e pelo primor dedicado a todas as etapas do processo de elaboração.

Em depoimento sobre a parceria, o proprietário do wine shop, Mathieu Wehrung, declarou sua surpresa ao degustar pela primeira vez um espumante brasileiro de altíssima qualidade, escolhido por ele para representar o Brasil na seleção do Soif D’ailleurs
.

 

Mentira nº 2: Há, na loja, o também brasileiro espumante da Valduga que, em breve e certamente, contra-atacará afirmando que o seu vinho é o preferido e arrasa na França.

 "Hoje, ninguém sai da loja sem receber uma forte recomendação da vinícola Miolo e essa atitude representa nossa extrema confiança neste produto, que tem se tornado cada vez mais reconhecido e apreciado pelos franceses. É uma verdadeira dádiva!”, exaltou Wehrung. Para celebrar o recorde em grande estilo, a equipe da loja brindou com uma garrafa de 6 litros, do sofisticado Miolo Millesime Brut.
 

Mentira Nº 3: Alguém acredita que 5.200 (improváveis) Cuvée Miolo sejam "... uma verdadeira dádiva" e possam ser apreciadas e reconhecidas pelos franceses, franceses que todos sabem, tem o maior e justificado orgulho de seus Champagne (mais de 300 milhões de garrafas produzidas)?


Recentemente apontado pela crítica de vinhos Jancis Robinson como o mais concorrido e interessante wine shop de Paris, o Soif D’ailleurs fica em Marais (38 Pastourelle, 75003), bairro situado à margem direita do Rio Sena, e oferece uma variedade de vinhos de países como Síria, Croácia, Estados Unidos, Nova Zelândia e Inglaterra.

Pagando bem qualquer crítico de vinho reconhece até a inocência de José Dirceu.
 

A "Miolo Pantaleão de vinhos", acha que a venda (eu acho que foram consignadas) de meia dúzia de garrafas para os franceses, desperta nosso abalado patriotismo e enche de orgulho nosso coração verde amarelo?

Meu patriótico coração preferiria o Dólar a 2 Reais para poder beber, com mais frequência, Billecart-Salmon Rosé e deixar a Miolo Cuvée Tradition para os "bobos" franceses  
 

Dionísio, o pobre

 



segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

BORGONHA NUNCA MAIS


















.

.....em janeiro. 
Aproveitado um convite, para passar um final de semana em Chamonix, resolvi esticar a viagem até Puligny Montrachet, uma das minhas aldeias bases na Côte D'Or.
 A desculpa, menos esfarrapada, que encontrei para justificar minha enésima visita à região francesa: Comprar algumas garrafas de meus já tradicionais "fornecedores": Jean Claude Bachelet, Thomas Morey, Paul Pernot, Ramonet etc.

Frio intenso, neve na estrada, anoitecer antes das 18, nenhum planejamento ou agendamento; nada conseguiu arrefecer meu entusiasmo e determinação.

 
 Com as sombras, já dominando a gélida paisagem (-6º), entrei no quintal do B&B da minha amiga Maria Adão.

Alegria e gentileza de sempre, um copo de Chardonnay, das uvas do próprio quintal, um bom papo, algumas indicações.... estava em casa.

Após um breve descanso resolvi procurar um local para beber uma taça de vinho antes de jantar.

Neste exato momento começou o ”drama da Borgonha em janeiro".

 
 
 Os dois bares de Puligny, Caveau de Puligny e L'Estaminert, fechados.

"Sem problemas..... Vou beber no Le Pelugney".

Le Pelugney, meu restaurante preferido na cidade, fechado, também.

Chateado, cansado e por falta de opção, rumei, sem nenhum entusiasmo, para o cara arapuca "La Table d'Olivier Leflaive".

A arapuca, também, fechada.
 

Última e única opção da noite: O estrelado "Le Montrachet Estuprador de Cartões de Crédito".

 "Le Montrachet", que tinha, perdeu e reconquistou a estrela Michelin, não é exatamente um local para se visitar quando o apetite faz o estômago roncar.

A "nouvelle cuisine", de anoréxicas porções, apesar de morta e enterrada nos quatro continentes, continua dominando, impávida, as panelas do "Le Montrachet".  

Sem ânimo, até para ligar o carro para alcançar Meursault, preparei, para o pior, o meu cartão de crédito e caminhei para o bar do "Le Montrachet".

Qualquer taça de vinho Puligny, Chassagne, ou Saint Aubin, custa, no esquálido bar do restaurante estrelado, nada razoáveis 13 Euros que representam, no "Brasil Dilma II o abismo", assustadores R$ 62.

 

As taças servidas no bar não estão entre as mais abundantes da França e calculei que, para acalmar minha "sede", seriam necessárias pelo menos três.

Em um rápido exercício matemático conclui que o melhor seria abandonar as taças e gastar 52 Euros por uma garrafa de Saint Aubin "Les Murgers des Dents de Chien"

Um copo antes, mais dois durante o jantar e o restante ficaria para a sede do dia seguinte.

O produtor?   Domaine Vincent Girardin.

Quando levei a taça ao nariz pensei estar sonhando.

Poucas vezes percebi tantos aromas em uma taça de vinho.

Ótima escolha!

Nariz envolvente onde o mineral, o floral e o cítrico se alternavam, constantemente, quase competindo entre si.

Boca harmoniosa, envolvente e com um belo, refrescante e longo final.

A satisfação foi tão grande que nem me lembrei do "faquiriano" jantar de 50 Euros: Um minúsculo paté de foie gras de canard (no máximo 10 gramas), três coxinhas de rã, não maiores do que 3 azeitonas, que tentavam enfeitar, sem sucesso, uma posta de salmão de cinco centímetros.
 

 Porções liliputianas + cozinha pouco inventiva + preços exagerados = "Le Montrachet? Adeus".

A noite valeu pela "descoberta" de mais um belo vinho.

No dia seguinte, o café da manhã, no B&B da Maria, compensou as perdas de energia do dia anterior e me deu ânimo para visitar as vinícolas da região.

Sem delongas procurei a Domaine Vincent Girardin e a encontrei nos arredores de Meursault.

 
Grande vinícola, fachada moderna e imponente.

"Toque a campainha antes de entrar".

O aviso, claro e didático, foi seguido fielmente.

Toquei a campainha, abri a porta e entrei no saguão, mal iluminado, da "Domaine".

Da escada, em caracol, bem no meio do local, desceu uma mulher alta, elegante, "iceberguiana"
 

 A rainha de gelo parou alguns degraus acima do solo e, do alto de seu pedestal e com a cordialidade de uma hiena irada, perguntou o porquê de minha visita.

"Gostaria de comprar algumas garrafas"

Com a mesma cordialidade anterior, mas denotando, também, desprezo e superioridade, a madame informou que não vendia para particulares e que poderia encontrar, se assim quisesse, suas garrafas na "Le Caveau Municipal de Chassagne Montrachet".

Agradeci e, antes de mais uma rosnada, saí correndo , entrei no carro e...... Até nunca mais.
 
 

Na "Caveau" encontrei o Saint Aubin "Les Murgers de Dents de Chien", da Girardin, por 25 Euros

 Lembrei da qualidade do vinho e conclui que o preço era razoável, assim, 6 garrafas da Domaine Vincent Girardin foram para o porta malas do carro.
 
 

Grande vinho, boa compra.

Na próxima matéria "Borgonha Nunca Mais" abordarei a dificuldade para comprar vinhos em janeiro.

Bacco