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segunda-feira, 23 de novembro de 2015

OSMOSE FRANKENSTEIN



Seria mais fácil ir ao Google, mas....

Bastou comentar, que um produtor de Monforte admitiu usar a maquina de "osmosi inversa" para corrigir o teor alcoólico de seus vinhos, safra 2015, para despertar a curiosidade de vários leitores.


 Alguns pareciam ter caído do céu parecendo "Cândidos- Panglossianos" que ainda acreditam que os enólogos sejam puros e inocentes "poetas" das vinhas e das adegas.



Nada mais falso.

No começo da matéria sugeri a opção mais fácil: Google

O Google é o caminho preferido e percorrido pelos professores da AB$, $BAV e por um sem número de curso picaretas que infestam o microscópico e míope mundo vinícola brasileiro.

 Relutei um pouco, mas resolvi aprofundar o assunto.

Botei a mão no teclado, efetuei pesquisas sérias, dei dois telefonemas para poder, finalmente, transmitir uma informação segura.


A primeira maquina "infernal", que invadiu as adegas há algumas décadas, foi o "CONCENTRADOR".

O concentrador, na Itália, era usado, frequentemente, para ajustar o álcool nos vinhos de corte.

  A lei local permitia e permite o uso do concentrador visando obter mostos mais alcoólicos para serem adicionados, por ocasião de vindimas problemáticas, aos vinhos fracos.

Um pouco mais tarde , quando o mercado resolveu beber marmelada , o concentrador foi largamente utilizado para produzir vinhos mostrengos.



Como funciona o concentrador?

Há dois tipos: um opera através do frio e outro usando o calor.

O concentrador a frio retira água do mosto mediante congelamento.
Aquele que usa o calor subtrai a água por evaporação.

O enriquecimento de um vinho, com mosto concentrado, obriga, muitas vezes, o produtor a realizar correções e intervenções invasivas nem sempre recomendadas e corretas.


Nesse ponto entram Parker e os parkerzinhos de plantão.

Para supremo "guru" americano o concentrador foi um presente dos deuses, uma ajuda divina

Quando o americano resolveu sentenciar que o bom vinho, o vinho do enófilo refinado, inteligente, "universal, deveria ser denso, alcoólico, impenetrável e que somente uma faca poderia vencer sua "marmelatosa" composição e aparência, o concentrador virou a vedete de muitíssimas adegas e o ídolo de milhares de enólogos.


Com o passar dos anos o vinho-marmelada, de Parker e seus Bic cansou (ainda bem...), e o concentrador virou peça de museu.



Ainda há, no entanto, muito saudosismo e nas adegas "medievais", que ainda não perceberam que o consumidor mudou seus gostos, o concentrador continua sento utilizado por muitas vinícolas que continuam apostando na imbecilidade do consumidor que alia o alto teor alcoólico à estrutura, qualidade, envelhecimento etc. 

A nova máquina "diabólica": Osmose Reversa!



A máquina da osmose reversa, diferentemente do concentrador, que apresentava imperfeições, pontos fracos e alguns problemas, brinda o produtor, não exatamente angelical, apenas com vantagens.

  Com as infernais máquinas de osmose reversa é possível mudar, totalmente e com custos baixíssimos, a composição de qualquer vinho.

Quando há problemas com o vinho o produtor telefona para uma firma especializada (na França este recurso é corriqueiro), aluga a máquina de osmose reversa e voilà...... As correções são rapidamente realizadas e, como sempre, sem que ninguém saiba.


 A infernal geringonça "produz" o vinho que viticultor deseja e precisa: Corrige o álcool, a acidez, elimina bactérias e outras "cositas mas" .

 Terminada a "Operação Frankenstein" a máquina desaparece sem deixar rastro..... dela e no vinho manipulado.



Como funciona?

Não sou um técnico e não sei, mas traduzo a "ficha" de um fabricante.


OENODIA é a única empresa na Europa que propõe, ao mundo vinícola, eco-processo para o ajuste da taxa alcoólica.
Esse método, particularmente precioso, face o aquecimento climático de nossos tempos, permite abaixar sensivelmente os graus do vinho sem modificar seu potencial organoléptico.
Conservando o controle das operações durante todo o tratamento, o viticultor e o operador podem regular o equilíbrio do álcool e a estrutura do vinho com grande precisão.


PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO

Este processo combina duas técnicas de separação através de membranas que trabalham simultaneamente em fluxo continuo: a osmose reversa recebe o vinho e permite extrair um permeado composto essencialmente de água e álcool (todos os outros componentes ficam conservados no "retentado" da osmose)  
O permeado desalcoolizado continua seu curso até ser reintroduzido no retentado da osmose. Respeitando a legislação em vigor não há nenhuma adição de água no vinho tratado (será?)


SIMPLICIDADE DE USO E QUALIDADE

Eficaz, em qualquer quantidade ou volume de vinho tratado, este eco-processo garante ao viticultor um tratamento sem nenhum aporte exógeno, sem diluição aromática nem oxidação. Nada se perde e se ganha em equilíbrio!


Que beleza.....

Para aqueles que acreditam (como eu) que o vinho deve "transpirar" terroir, clima, tradições, cultura, raízes, a osmose reversa é a pá de cal.


Haverá alguns que, após a leitura da matéria, entrarão em suas adegas, olharão, com desprezo, para as garrafas armazenadas e exclamarão: "Suas osmóticas de merda......."

Não é bem assim....é pior!



Leia com carinho o catálogo "OENODIA", fabricante da máquina cujas especificações traduzi e clique, para seu desespero, em "ECO-PROCESSI".

http://www.oenodia.com/it/

Há salvação?



Há.

Aguarde a próxima matéria.

Bacco




4 comentários:

  1. Ate acho que ja escrevi a respeito, mas vou me dar o trabalho de escrever alguma coisa novamente. Bom post....!

    Creio que ha uma diferenca bem grande entre vinhos realmente feitos com muita quimica, muita adicao de venenos, adicao de serragem, e por ai vai, para vinhos finalizados com processos como subtracao ou adicao de agua e ou alcool via osmose reversa.

    Agora que todos ja sabemos o que é osmose reversa no vinho e em outros produtos, eu proponho aqui uma tese que sustenta que osmose reversa para baixar nivel de alcool ou para concentrar o vinho é algo tosco, uma coisa que deixa um cheiro no ar de enganação, mas ainda assim nao é imoral, sujo, criminoso.

    Por que?

    Para mim o que ha no caso do vinho que passa pelo processo é simplesmente uma maneira de disfarcar problemas ou melhorar atributos sem adicao de quimica ou coisa pior. Osmose mata bacterias? Maravilha. Melhor assim do que com doses massivas de enxofre e similares.

    Ainda que eu fique puto com o produtor de Barolo que mexe numa lei sagrada ("VINHO NA EUROPA É RESULTADO DA NATUREZA, NUNCA DE INTERVENÇÃO LABORATORIAL) que parece que esta virando lenda urbana (oba, STF) eu ainda acho isso nao tao ruim quanto aos processos descritos acima no segundo paragrafo.

    Osmose reversa: lamentavel, em alguns lugares ate imoral, porem nao condenavel.

    Valeu pela explicacao.

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  2. Jõao , como sempre lúcido e direto. Tem razão não ha crime algum , até poque é recurso legalmente admitido,mas....Sempre o maldito "MAS". Em minha proxima matéria , sobre o assunto, questiono o futuro do vinho e o vinho do futuro e tentarei mostrar o caminho das pedras
    abç

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    Respostas
    1. Di e Ba,

      Pensando mais aqui...talvez a imoralidade, a indecencia, a fdputagem esteja em cobrar o mesmo preço por um vinho osmoneizado que um super vinho que é somente e nada mais, resultado de colheita, prensa, fermentacao, engarramento e consumo.

      Cobrar EUR 100.00 por algo que passou por dialise no eno-sus é de F. Secondo me.

      Vamobora pagar contas...

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    2. Vou dar minha opinião: A esmagadora maioria dos vinhos endeusados pelos eno-babacas abonados que pagam 2.500 R$ por uma garrafa de CS made in Toscnana são tremendamente manipulados e fabricados. Dialise neles

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